domingo, 30 de setembro de 2007

Moldy Peaches

Moldy Peaches é um projeto experimental liderado por Adam Green que conta com Kymia Dawson nos vocais. A banda teve uma curta duração, mas seus shows, extremamente excêntricos, deram uma boa base para que os dois cabeças da turma continuassem com boas carreiras solo a partir de 2002, principalmente porque esses shows aconteceram em turnês conjuntas a bandas como Strokes e Tenacious D.

O cd deles de 2001, que leva o nome da banda, é totalmente lo-fi e parece ter sido gravado numa garagem, corredor, ou qualquer coisa muito trash. Não é uma banda brilhante, mas com certeza merece ser ouvida. Sem grandes arranjos, as melodias são basicamente simples: duetos descomprometidos, onde duas personagens cúmplices parecem dizer tudo aquilo que lhes apetece, sem preocupações líricas. Uma banda divertida, sem preocupações com estrelismo. Para saber mais entre no site dos caras: http://www.moldypeaches.com/

MP3: Anyone Else But You, do disco The Moldy Peaches de 2001
MP3: On Top, também do disco The Moldy Peaches de 2001

agradecimentos ao Jessé que fez esse texto aiiiinda quando fazia parte do Ziriguidum.

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Indieotas 28-09: SPOON

O Indieotas da semana passada trouxe uma das bandas mais reconhecidas da cena indie atual, a texana Spoon.

Britt Daniel, líder e guitarrista, formou a banda por volta de 1994 junto do baterista Jim Eno. A escolha do nome é uma homenagem ao hit Spoon da banda experimental alemã Can, uma das mais influentes do rock dos anos setenta. Já se vão treze anos desde que os dois promoveram o nascimento da banda, que atualmente colhe os frutos do excelente álbum Ga Ga Ga Ga Ga, lançado em agosto. Esse é o mais bem sucedido disco da carreira dos caras e é uma pérola do pop contemporâneo, delimitando com precisão a excelência do quarteto em realizar um som bem característico que não se prende às limitações de um único gênero. Tudo resultado de uma evolução concisa desde a estréia em Telephono.

Foi em 96 que saiu Telephono, onde os quatro ainda bebiam descaradamente da fonte do Pixies e do indie americano pré-Nirvana. Depois veio o desastroso Series Of Sneaks, lançado pela major label Elektra e que acabou resultando na demissão da banda da gravadora. Uma injustiça, já que o disco não é nada ruim. Apesar de continuar devendo muito ao rock da garagem surgido dez anos antes, já se percebe uma cara mais Spoon em músicas como Metal Detektor e 30 Gallon Tank. Em 2001 vem a virada de mesa com Girls Can Tell, o primeiro sinal do amadurecimento de Britt Daniel como compositor. Kill The Moonlight de 2003 abusa de pianos, sintetizadores e da mistura de gêneros musicais. Ecos de elvis Costello, Prince, Rolling Stones, Pixiese e até influências de Krautrock podem ser achadas nesse disco. Gimme Fiction, disco de 2005, traz pérolas rock como The Two Sides Of Monsieur Valentine e Sister Jack, e o R’n’B bizarro de I Turn My Camera On é uma delícia, soando como um dos lapsos experimentais do Prince, com os vocais suspirados de Britt Daniel.


O último e mais brilhante disco, Ga Ga Ga Ga Ga, recebeu críticas favoráveis de quase toda a mídia especializada. Reconhecido como um daqueles álbuns que crescem a cada audição, nele o Spoon prova que não tem medo de experimentar e com isso até conseguem um certo lucro, conquistando mais e mais fãs. Jim Eno e Britt Daniel trabalham com excelência na produção do álbum, usando recursos de estúdio em todas as músicas. O primeiro single, The Underdog, é radiante, aberto pelos metais meio mariatchi trabalhando em peso e com as letra ecoando um protesto à mediocridade.

Vale a pena conferir todo o trabalho dessa banda que é, sem dúvida, uma das melhores na atividade pelo mundo da música pop. Visite o site oficial: http://www.spoontheband.com/

Download: Pack de 7 músicas do Spoon

Tracklist:

1.The Government Darling (faixa 13 de Telephono)

2.Metal Detektor (faixa 7 de A Series Of Sneaks)

3.Jealousy (daixa 3 de Love Ways EP)

4.Me and The Bean (faixa 3 de Girls Can Tell)

5.Stay Don’t Go (faixa 4 de Kill The Moonlight)

6.My Mathematical Mind (faixa 4 de Gimme Fiction)

7.Finer Feelings (faixa 9 de Ga Ga Ga Ga Ga)

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PLANTÃO ZIRIGUIDUM: RADIOHEAD

Depois do mistério em torno da contagem regressiva postada no website radioheadlp7.com em meados da última semana, o Radiohead confirmou na tarde deste domingo, dia 30, em seu site oficial, o lançamento do novo disco, batizado In Rainbows.


Como a banda está sem gravadora até o momento (com certeza uma decisão própria dos caras - muito indies), o disco fica já disponível dia 10 de outubro para download no site oficial, e depois um discbox com dois vinis, dois cds, um booklet com fotos e letras mais uma caixa super bonitinha (vide foto) sai no dia 3 de dezembro pela bagatela de 40 libras (150 reais), frete incluso e tudo, não importa se for para a Argentina ou Nova Zelândia. E o preço para baixar o disco a partir do dia 10 vai da sua escolha(sim, da SUA escolha).

O disco digital virá com a seguinte tracklist:

01 15 STEP
02 BODYSNATCHERS
03 NUDE
04 WEIRD FISHES/ARPEGGI
05 ALL I NEED
06 FAUST ARP
07 RECKONER
08 HOUSE OF CARDS
09 JIGSAW FALLING INTO PLACE
10 VIDEOTAPE

Para comprar ou obter mais informações sobre os discos é só adentrar ao site http://www.inrainbows.com/

Agora o que resta é aguardar ansiosamente pra ouvir In Rainbows. Mas não se desespere, dá pra ir sentindo um gostinho através das versões ao vivo de algumas das músicas que estão rodando na net. A seguir, o Ziriguidum que é super bacana, deixa links para você baixar algumas delas:

Down Is The New Up ***altamente recomendada
Weird Fishes/Arpeggi
Videotape ***** super hiper mega power ranger recomendada
Bodysnatchers
15 Step
House Of Cards

Faltam 10 dias! AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

ENSINANDO AS CRIANCINHAS: The White Stripes - Elephant

Meg e Jack White: The White Stripes


Quem entrou na brincadeira do Ensinando as Criancinhas do dia 28 de setembro foi o titio Jack e a titia Meg, White. Elephant, o quarto álbum do White Stripes, foi a lição desse programa. Os motivos por que as crianças devem ouvir Elephant são muitos. O primeiro e mais óbvio é porque é um álbum do White Stripes, que é na minha opinião uma das bandas mais originais dos últimos tempos. Esses últimos tempos que acabaram de completar dez anos! Mesmo que só tenha começado a aparecer e ser mais reconhecido a partir do ano 2000, o White Stripes existe desde 1997.

O primeiro álbum da banda, chamado The White Stripes, foi lançado em 1999. O segundo (De Stijl) saiu no ano seguinte. Em 2002 eles lançaram o terceiro, White Blood Cells, que tinha músicas como Dead Leaves and The Dirty Ground e Fell in Love With a Girl, que ficaram muito conhecidas e ajudaram a fazer o sucesso da banda. Mas nada se compara ao que viria em seguida. Então, em 2003, o mundo pode conhecer Elephant.



A capa de Elephant


E pode também ouvir e se viciar em Seven Nation Army, a primeira faixa do álbum que tocou tanto, mas tanto, que as pessoas podiam até não ter a mínima idéia de quem era o White Stripes, mas elas já tinham ouvido Seven Nation Army. Inclusive, a música ganhou um Grammy de melhor canção de rock em 2004, e Elephant ganhou o prêmio de melhor álbum de música alternativa no mesmo ano. O álbum foi gravado em um estúdio em Londres, e com equipamentos "antiquados de 1960".

Musicalmente Elephant se mostra realmente como um amadurecimento do White Stripes. São catorze faixas do mesmo garage-punk-rock com um toque de blues e country, mas tudo soa mais profissional, mais bem produzido. As músicas são todas muito fortes e formam um conjunto equilibrado. Faixas como Ball and Biscuit, The Hardest Button to Button e Black Math, todas mais pesadas, são algumas das melhores do disco. I want to Be The Boy to Warm Your Mother's Heart, You've Got Her in Your Pocket e Well It's True That We Love One Another são os destaques do grupo das mais suaves.


No clipe de The Hardest Button to Button

E em um episódio de Os Simpsons


Uma curiosidade interessante sobre Elephant é uma lenda meio Paul Macartney que fizeram sobre o álbum. No encarte do cd está escrito que ele é dedicado e sobre “a morte da queridinha”. Criou-se a idéia, a partir disso, de que a tal queridinha seria Meg White, a baterista da banda. Ela teria morrido em um acidente de carro e por isso, inclusive, na capa do cd ela aparece chorando. Jack teria então a substituído por um robô e feito Elephant em sua homenagem. Independente de teorias malucas, em homenagem ou não à Meg White falecida, o dever de casa é: ouvir Elephant!

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SELEÇÃO CANARINHO 21-09: Secos & Molhados

“Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc” é a última música do disco de 1974 dos Secos e Molhados. Curiosamente, foi a última gravada pela formação clássica. Analisando o nome dessa música, pode-se concluir que se trata de um tratado final, uma espécie de resumo da música que João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad produziram durante dois anos e que transformou os Secos e Molhados num dos maiores fenômenos pop da nossa história. O trio fazia mistura maluca de ritmos nunca vista antes, usando de belas melodias e de letras emprestadas de poetas como Vinicius de Moraes, Fernando Pessoa e João Apolinário.


O jantar está servido

A idéia de formar os Secos & Molhados veio de João Ricardo, que começou a recrutar integrantes para a banda em 1970. Foi complicado para Ricardo definir uma formação, e apenas em novembro de 1971 que Ney de Souza Pereira, futuro Matogrosso, passou a integrar os Secos e Molhados. Em 72 então, foi a vez de Gerson Conrad ser aceito na banda.

Capa do disco de 1973.

O primeiro álbum saiu em agosto de 1973 e levou a banda ao estrelato quase instantaneamente. Apresentações no Fantástico da Rede Globo e no Teatro Itália no Rio de Janeiro ajudaram a vendagem recorde do disco, mais de 300 mil cópias em um mês - a mais rápida do mercado fonográfico brasileiro até então. Sucessos como O Vira e Mulher Barriguda caíram na boca do povo.

Os shows eram um sucesso de público, muito devido ao comportamento performático de Ney nas apresentações e o uso de maquiagem pesada na caracterização dos integrantes. Essas características da banda acabaram depois ainda fazendo escola. Ou você acha que Freddy Mercury aprendeu a rebolar no palco daquele jeito com quem? E o Kiss? Eles até afirmam terem copiado os Secos e Molhados em suas máscaras.

O segundo disco, de 1974.

No ano seguinte, o trio consegue dominar a América Latina, virando mania no México e na Argentina. O segundo disco sai em agosto, mas a formação original se dissolve logo em seguida. Mesmo com a banda agora inativa, o disco é também um grande sucesso com músicas como Tercer Mundo e Flores Astrais tocando extensivamente nas rádios.

A saída de Ney e Conrad não foi das mais tranqüilas, apesar de já esperada pelo líder João Ricardo. Reconhecidamente de gênio difícil, o líder dos Secos e Molhados até hoje não tem um bom relacionamento com os dois.
Nos anos que seguiram a separação, Ricardo ainda tentaria por diversas vezes recrutar outros músicos para gravar novos discos sob o nome de Secos & Molhados.

A mais bem sucedida experiência foi a do terceiro disco de 1978. A canção “Que fim levaram todas as flores?” é uma das mais executadas nas rádio brasileiras naquele ano.

João Ricardo em apresentação de 1999.

A partir daí, a formação do disco de 78 nunca se repetiu, e iria continuar mudando nas gravações dos dois próximos discos, um de 1980 e outro de 1988, intitulado “A Volta do Gato Preto”. Desde então, nada mais se lançou de inédito com o nome de Secos & molhados, mas João Ricardo continua em carreira solo. Seu último disco, chamado “PUTO!”, foi lançado este ano.
O legado da banda é certamente um dos mais significativos da nossa MPB. Talvez a primeira banda a fazer a perfeita união de lirismo, rock e ritmos regionais. Eles conseguiram ir um pouco além dos Mutantes, reconhecidamente mestres no casamento de MPB e psicodelia, já que incluíam nessa salada ainda poemas, música tradicionalista como tango, flamenco, forró, ritmos latinos e portugueses. Uma das lendas da música, status que se tornou ainda maior devido a breve duração do grupo.
Download do primeiro disco, o clássico de 1973: aqui

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domingo, 23 de setembro de 2007

INDIEOTAS: 14 DE SETEMBRO

I'm From Barcelona


No penúltimo programa do dia 14 de setembro, o quadro "Indieotas" ficou sob minha responsabilidade. Confesso que a dificuldade de encontrar uma banda nova e a altura dos ouvintes ziriguiduenses (quem?) foi grande, mas tentei fazer meu melhor. Resolvi levar então uma banda da qual já tinha ouvido falar e que sempre me despertou curiosidade, porém nunca tinha dado muita bola: I'm From Barcelona. Mas, ao contrário do que o nome sugere a banda não surgiu na cidade espanhola, e sim na distante Suécia, mais precisamente na cidade de pouco mais de 80 mil habitantes, Jönköping, a quatro horas da capital Estocolmo. O nome I’m From Barcelona vem na verdade do bordão de um atrapalhado garçom chamado Manuel, do seriado britânico "Fawlty Towers", da década de 70.

Emanuel Lundgren, o fundador da banda


Era verão na Europa em 2005, quando o músico Emanuel Lundgren resolveu escrever algumas canções, antes de sair de férias. A intenção era formar um coral com um grupo de amigos e gravá-las. Não havia pré-requisitos para entrar na brincadeira, de modo que a coisa foi crescendo até atingir os vinte e nove integrantes que hoje compõem o I'm From Barcelona. Entre eles estão professores, enfermeiros, estudantes, designers, jornalistas e até um biólogo marinho.

Nem adianta contar. Os vinte e nove não estão aí.


Depois de alguns ensaios no apartamento de Emanuel, a banda gravou um EP caseiro, intitulado “Sing!”, e fez sua primeira apresentação ao vivo. E esse era para ser o fim de um projeto de Emanuel que nem havia começado direito. Mas a banda acabou caindo nas graças do público, principalmente na internet, o que lhe rendeu mais de 20 mil downloads no site oficial. Em janeiro de 2006 a banda assinou contrato com a EMI e gravou o primeiro EP oficial, “Don’t Give Up On Your Dreams, Buddy!”. Em junho foi a vez de lançarem o primeiro álbum, “Let Me Introduce My Friends”.

O disco é uma mistura de experimentações com vários instrumentos como acordeões, banjos, flautas, teclados, trompetes e clarinetes. Suas letras simples e cheias de lalalas parecem celebrar os raros dias de sol do verão sueco. Os destaques ficam por conta de “Oversleeping”, “Treehouse” e “We’re From Barcelona”, essa que é talvez a música mais famosa da banda. Seu refrão contagiante, encabeçado por várias vozes, torna impossível para qualquer pessoa não sorrir. Tudo isso misturado à excentricidade de um grupo de vinte e nove suecos faz dessa uma das bandas mais animadas a surgir nos últimos tempos. É pop para decorar e cantar junto!

Download do álbum Let Me Introduce My Friends aqui

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Seleção Canarinho: Samba-Rock

Vamos iniciar o Brasil nesse blog com um dos ritmos mais típicos desse imenso "país tropical, abençoado por Deus": o SAMBA-ROCK. Para que esse texto fosse usado aqui no novíssimo Ziriguidum On The Web, houve uma adaptção do texto usado no rádio durante a semana.

O samba-rock é a mistura de dois estilos completamente diferentes: o ritmo puxou as letras e a simplicidade do samba dos morros do Rio de Janeiro e a batida do rock e do soul internacionais.
Em vários artistas "samba-roqueiros" é possível identificar os metais de James Brown misturados com com as letras saudosistas de Cartola, por exemplo.

JORGE BEN JOR

Jorge Ben Jor

O criador do samba-rock pode ser considero JORGE BENJOR. Ele mesmo afirmou nunca ter "revolucionado o samba" de propósito, e que no começo de sua carreira considerava suas músicas de um estilo chamado sacudim-sacudem. Aos poucos, a Jovem Guarda começou a ganhar as rádios brasileiras, e o sempre sarcástico Jorge plagiou o seu novo ritmo, chamando-o de Jovem Samba.

Uma das características do samba-rock (e do seu criador) foi a articulação com as outras linhas de frente da MPB: os roqueiros Mutantes chegaram a gravar "A Minha Menina", de Jorge Ben, logo no primeiro LP da banda.
Já a banda Os Incríveis, um dos maiores expoentes da Jovem Guarda, regravou "Vendedor de Bananas", também do samba-roqueiro. Aos poucos, o estilo sofreu fortes adaptações, e o Jorge Ben que tanto fez sucesso nos anos 70 voltou às paradas apenas em 1990, com a música W-Brasil.

Essa composição já era uma clara demonstração de que o samba-rock já tinha se misturado ao estilo (com uma grande ajuda de músicos como Tim Maia). Os samba-roqueiros mais recentes são a mais clara prova dessa "miscigenação".

SEU JORGE
Seu Jorge

"Seu Jorge", ou Jorge Mário da Silva, é um dos maiores símbolos do samba-rock da atualidade. Nascido em 1970, desde novo frequentava as rodas de samba do rio junto com o pai e cantava profissionalmente em alguns bares cariocas. Um irmão de Jorge morreu em uma chacina, e após a tragédia a família acabou se desmanchando. O músico morou na rua por três anos, onde conheceu o clarinetista Paulo Mora. Este o levou a testes em musicais, e a carreira do "Seu" Jorge começou a se destacar na mainstream brasileira como o "novo Jorge Ben".

Foi chamado para várias participações em discos de outros artistas e gravações especiais, como o tributo a Tim Maia (1999) e um álbum do Planet Hemp (2000). Em 2004, gravou o "MTV Apresenta Seu Jorge" e em 2005 um DVD ao vivo com Ana Carolina.

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sábado, 15 de setembro de 2007

INDIEOTAS 31-08: The Fratellis

Mince (bateria), Jon (guitarra e vocais) e Barry (baixista)



No já distante programa de 31 de agosto fui a encarregada do quadro INDIEOTAS. Não sabia bem o que fazer; queria alguma banda mais nova - mas a cada milésimo de segundo surge uma banda indie em algum lugar remoto do mundo, ou ali na esquina mesmo...Então foi quando, navegando pela internet, encontrei uma tal de Fratellis, banda de Glasgow, Escócia. Já tinha ouvido falar e até ouvido um pedaço de "Flathead", mas não tinha botado muita fé. Viciei. Até hoje, duas semanas mais tarde, estou viciada. Viciei a Carol minha amiga e ziriguiduense. Comprei o cd! (Costello Music, lançado em setembro do ano passado). Decorei as letras. Não consigo parar!

Mince Fratelli, Jon Frateli e Barry Fratelly não são italianos nem irmãos, e nenhum deles tem de fato esse sobrenome. São várias as teorias do porque do nome, inclusive a de que eles se inspiraram nos irmãos Fratelli do filme Os Goonies, mas isso já foi negado pela própria banda. Outra hipótese é de que o sobrenome do baixista Barry seria mesmo Fratelli, e o baterista Mince e o guitarrista Jon teriam assumido o nome porque a amizade entre eles é forte como uma irmandade. De qualquer forma, os três amigos se juntaram graças a anúncios colocados numa loja de discos, e em setembro de 2006, depois de três singles e um EP, lançaram o primeiro álbum. Com os Fratelli não tem tempo ruim! Todas as treze faixas são bem animadinhas, praticamente nenhuma balada (a não ser por "Whistle for the choir", que não chega a ser balada também...).




"These are crazy times down at Costello Music"- trecho de Henrietta


"Henrietta" abre a sequência. A talvez mais famosa da banda, "Flathead", vem em seguida. Daí "Whistle for the choir" vem pra manerar a animação dos garotos. "Chelsea Dagger", quarta faixa, é uma das melhores de Costello Music. O "tchururu tchururu tchururururururu" é pegajosérrimo! Na verdade não tem nenhuma música que não seja boa nesse disco. "Creepin up the backstairs", "Everybody knows you cried last nigth", "Baby Fratelli" e a bônus track "Cuntry boys & city girls" são os outros destaques.

A formação de trio, com guitarra, baixo e bateria dá conta direitino do recado, e o som ainda sai limpo (não que eu não goste de quando ele é sujo!), nada de barulheira. Os três cantam, muitas vezes ao mesmo tempo, o que faz tudo ainda mais divertido! Desde as letras cheias de rimas e que falam dos assuntos mais frívolos sem nunca deixar de ser criativas, passando pelos "ahas" e "woo hoos", tudo nos Fratellis é divertido. E essa é a essência do rock. Ao ouvir The Fratellis você vai inevitavelmente se lembrar de várias outras coisas, mas nada em particular. Isso porque eles conseguem impor personalidade à música, e uma banda que faz isso não se encontra todos os dias.

Faça o download de Costello Music

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ENSINANDO AS CRIANCINHAS 14-09

XTC - SKYLARKING

No programa da última sexta-feira, dia 14 de setembro, o quadro “Ensinando as Criancinhas” ficou sob a minha responsabilidade. Resolvi então levar um disco que tenho escutado demais nas últimas semanas e que já figura entre os meus favoritos. Lógico que levei muito em conta a importância dele como um disco essencial, já que esse é um dos poucos discos que levam a psicodelia ensolarada dos anos 60 ao contexto do pop/new wave dos anos 80.

Skylarking foi lançado em 1986 pela banda inglesa XTC, e logo à primeira audição se percebe o quão furão ele é em meio à festinha eletrônica da época. Enquanto o pop se resumia aos sintetizadores e tecladões da New Wave e aos Michael Jacksons e Madonnas da vida que dominavam a tela da MTV, nada mais estranho do que uma banda fazer um álbum psicodélico sessentão. Como o próprio líder da banda Andy Partridge resume, Skylarking é como “um perfeito dia de verão dentro de um bolo”.

As influências são óbvias. Sgt. Pepper’s dos Beatles está presente nos arranjos delicados de violino, no uso de instrumentação típica do folk pastoral inglês. The Village Green Preservation Society dos Kinks aparece no uso pesado de melodias de piano, muitas vezes carregando a música. Pet Sounds dos Beach Boys marca em especial a faixa “Season Cycle”, praticamente uma outtake do clássico de 1967. Mas, apesar de toda a contribuição do “som do verão”, como era chamado o pop do fim dos anos sessenta, Skylarking não apenas suga da música dessa época. O diferencial está nas composições de Partridge e Moulding, cada um na sua própria base tanto lírica como musical, complementando um ao outro na concepção desse que é um dos álbuns mais coesos já feitos.

A primeira parte do disco traz duas espécies de “trilogias”, uma sobre um dia ensolarado e outra sobre um dia de chuva, talvez o que há de mais freqüente no verão inglês. Os destaques são Grass, com sua suave e melosa levada acústica, muito bem encabeçada pela percussão que dá um tom mais bucólico à música. E também a divertidíssima Ballet For A Rainy Day, que se constrói em torno dos acordes de piano ao estilo Beatles e tem uma ponte maravilhosa que é uma das mais bem executadas que você irá ouvir por um bom tempo.

Na segunda parte do disco, as músicas não tem mais dependência umas das outras, e Earn Enough For Us, com seu riff meio Paul McCartney na sua era Wings, se destaca. Trata-se de uma maravilhosa música pop que tem tudo: melodia pegajosa, vocais cantarolantes, ponte bem encaixada e um refrão bem “feel good”.

Uma das músicas finais do álbum, Dear God, se tornou o maior sucesso do XTC em terras americanas. Na época causou muita controvérsia, já que a letra de Partridge fala do ceticismo em torno da existência de Deus e muitos consideraram a música uma ode ateísta, criando uma polêmica que acabou contribuindo muito para seu sucesso.

O estranho é pensar que essa obra-prima quase nem saiu. No começo das gravações, um choque de egos entre Andy Partridge e o produtor Todd Rundgren quase levou a gravação ao fim, e até mesmo o futuro da banda ficou ameaçado, com a saída de Colin Moulding. Por sorte, essa separação durou menos de dois dias, e Skylarking acabou saindo. Com certeza muito de seu brilhantismo se deve à impecável produção de Rundgren.

Hoje, mais de 20 anos depois, esse é reconhecidamente o melhor disco da carreira do XTC, e um dos melhores dos anos 80. A própria Rolling Stone o coloca na posição de 48 entre os discos daquela década. Já a respeitada Pitchfork Media o elege como o 25º melhor álbum do mesmo período.

Se você sente falta de bandas diferentes que ofereçam mais elementos à receita do pop psicodélico dos anos sessenta, não deixe de conferir esse disco.

Download Aqui: XTC - SKYLARKING (1986)

Não deixe de ouvir o Ziriguidum, toda sexta-feira às 15:30 no http://www.radio.ufsc.br/ ou 106,1 FM nos arredores do Campus da UFSC. Também rolam reprises nas segundas-feiras, às 9 da noite, e nas quartas-feiras, às 10 da noite.

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