terça-feira, 22 de abril de 2008

30 BEST TRACKS OF 2007 - 15 TO 11

Continuamos com a lista que já virou lenda e quiça acaba até o começo de 2009. São as 30 melhores músicas de 2007, de acordo com a opinião esdrúxula do maior farsante da crônica/crítica musical tupiniquim.

15. Faberge Falls For Shuggie by Of Montreal

Kevin Barnes compõe músicas pop tão eficientemente como o nosso querido Malufão desvia dinheiro público no caixa dois. Não é a toa que o excêntrico compositor e sua (assaz bizarra) banda são figurinhas garantidas em qualquer lista de fim de ano. No caso desta canção, o que de início soa estranhíssimo – uma batida eletrônica com teclados e efeitos eletrônicos que simulam cordas um tanto desafinadas e desconexas – ganha toda uma magia pop com a linha de baixo funkeada (em um jeito kinda sexy), os bacanas acordes de teclado old school e os falsetes extravagantes (meio Ney Matogrosso) de Kevin.

[mp3] Of Montreal - Faberge Falls For Shuggie

14. Reckoner by Radiohead

Todos concordam que é dispensável me alongar pra falar daquela que talvez seja a melhor banda da atualidade. Pelo menos o é na minha opinião, e sei que não sou o único. De qualquer maneira, Reckoner é a música de In Rainbows a entrar na lista pelos cymbals maravilhosos executados com maestria por Phil Selway junto com uma batida rápida. Além disso, o riff é totalmente Greenwood (no bom e velho sentido da coisa), temos arranjos belíssimos de cordas, e uma suíte excelente no final. Musicaça, como qualquer coisa que o Radiohead faça.

[mp3] Radiohead - Reckoner

13. Unless It’s Kicks by Okkervil River

Não é sempre que uma banda se arrisca a sair de um molde já, digamos, confortável para ela como é o folk slowcore a que o Okkervil River é habituado. Apesar de já ter experimentado rockzões antes, (For Real é um exemplo) o quinteto nunca tinha arriscado um porradão com cara de jam band como em Unless It’s Kicks. Will Shelf, com bastante vigor, ajuda a gradualmente construir a música junto com o riff incessante da guitarra e uma percussão que pouco a pouco vai entrando, de mansinho, até quebrar tudo com o solo no final. Rock’n Roll dos bão.

[mp3] Okkervil River - Unless It's Kicks

12. Elephant Gun by Beirut

Coloque seus headphones e ouça essa música. Feche os olhos. Aí então, me diga o que vem a cabeça se não imagens medievais, circenses, arte intinerante, enfim. Zach Condon, ou Beirut, brinca com tradicionalismos musicais arcaicos, do tempo em que a música como diversão era coisa dos marginalizados, dos boêmios, dos avessos à sociedade. Elephant Gun é uma valsa sublime, mas ao mesmo tempo grandiosa, e que, ao se pensar a idade de Zach (21 anos), é inocente, condição ainda potencializada pela voz tímida de barítono do moço.

[mp3] Beirut - Elephant Gun

11. What’s a Girl To Do? by Bat For Lashes

Provavelmente a música de 2007 que mais dá “medinho” (hohoho), What’s A Girl To Do? é cruel, desde seu piano meio filme de terror, às batidas espaçadas de uma percussão obscura e nocauteante e ao vocal inocente “me engana que eu gosto” de Natasha Khan. É a música mais girl-power nessa lista, e se constrói na tradição de grupos como Portishead e dos trabalhos mais introspectivos de PJ Harvey.

[mp3] Bat for Lashes - What's A Girl To Do?

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

LIGHTS & MUSIC

Hoje, mais cedo, coloquei aqui a resenha para o disco Twenty-One do Mystery Jets: uma bela obra de pop com redenção aos anos 80. Pois bem, outra banda no bonde good eighties é a australiana Cut Copy. Seu recém-lançado disco In Ghost Colours é um pacote completo de dance, rock, house, electro e pop como poucos trabalhos conseguiram fazer.

Talvez seja o Sound of Silver - disco do LCD Soundsystem que tinha essa mesma pluralidade musical - de 2008. Em uma época onde o termo blog house vem ganhando notória projeção como algo "imitável e nada original", o Cut Copy consegue escapar da sombra de seus contemporâneos (Daft Punk, Justice, Chemical Brothers, Klaxons) e fazer algo novo.

Ao contrário do que o nome da banda sugere, In Ghost Colours não é em nada um puro trabalho de cópia e recortes dos já estabelecidamente eficientes beats que dominam a cena do House Music atual. Eles realmente soam como uma banda, pronta pra fazer grandes shows, sem medo de mostrar grandiosidade. Nada do modelo voz/DJ e uma ocasional guitarra. Ritmos que se espalham por sintetizadores meio "glamificados", riffs de guitarra por vezes acústicos, por outras com um feel elétrico punk.

Não pense duas vezes e corra atrás de ouvir In Ghost Colours, o disco mais "feel-good" de 2008 até agora. Confira também o vídeo para Lights & Music, que provavelmente tem o beat de sintetizador mais cool desde o de Take On Me do A-Ha.



[mp3] Cut Copy - Out There In The Ice
[mp3] Cut Copy - Feel The Love

STEREOLAB NOVO

É tudo uma questão de química.

Chemical Chords é o nome do novo álbum do trio franco-britânico Stereolab. Quatro anos depois do "não-tão-bom" Margerine Eclipse a banda volta com seu característico dream pop de suaves batidas eletrônicas e ritmo downtempo. O lançamento está previsto para 18 de agosto. Então só resta esperar e torcer pra que eles retomem a qualidade de seu trabalho nos anos 90. A julgar pelo último lançamento de Laetitia Sadier (uma das integrantes) com o Monade - chamado Monstre Cosmic - podemos esperar sim boas coisas.

Se você não conhece Stereolab, recomendo uma incursão pelos discos Emperor Tomato Ketchup ou Dots & Loops. Really fuckin chilly-trippy.

[mp3] Stereolab - French Disko

MOTOMIX 2008

Saiu no Lúcio Ribeiro: Broken Social Scene e Clap Your Hands Say Yeah! no Motomix 2008. Ok, o Lúcio é acostumado a pisar na jaca por 70% das coisas que ele fala, mãããs eu fiquei tão empolgado em apenas vislumbrar a possibilidade do Broken Social Scene tocar aqui no Brasil que precisei vir aqui comentar essa notícia. De acordo com o hype-man brasileiro, o festiválico acontece entre o final de junho ao princípio de julho no Parque do Ibirapuera. Dizem que o espaço pra shows do lugar lá é ótimo, e eu com certeza tô louco pra tirar minha prova vendo o coletivo de Toronto quebrar tudo no palco. No line-up do festival ainda estaria a dupla norte-americana Glass Candy. Quer saber um pouco mais das bandas? Ok, vamos lá pois então:

Broken Social Scene: Deuses do Indie por excelência; o elenco que compõe a banda é meio variável (e extenso, já chegando a ter 19 integrantes) mas encabeçando a banda temos uma dupla: Kevin Drew e Brendan Canning. Seus dois últimos discos tiveram a participação de gente como Amy Millan, Jason Collett, Torquil Campbell, Emily Haines e até da "anti-diva" do momento Leslie Feist. Drew inclusive é casado com a Feist. Até agora foram quatro álbuns lançados, e You Forgot It In People, o segundo disco, está entre os melhores da atual década. O álbum tem uma produção apurada, sons atmosféricos, e pérolas do pop alternativo. Influências marcantes de Velvet Underground, Cocteau Twins, Talk Talk, e twee pop. Tem uma série de TV aí aliás que tem a balada Lover's Spit na trilha.

[mp3] Broken Social Scene - Looks Just Like The Sun

Clap Your Hands Say Yeah!: no melhor estilo faça você mesmo, esse quinteto de Nova Iorque lançou seu primeiro disco sozinho, sem gravadora alguma, e vez seu sucesso via blogs e sites de internet sobre música independente, e através do boca a boca de quem via seus shows. Em alguns meses, assinaram contrato com selos nos EUA, Inglaterra, Austrália e tocaram em vários programas de TV. O som é pós-punk com cara de Talking Heads. Já seu segundo disco não conseguiu corresponder ao hype, e a banda não anda mais tão badalada.

[mp3] Clap Your Hands Say Yeah! - Over And Over (Lost & Found)

Glass Candy: dupla americana do selo Italians Do It Better! Selo caracterizado por bandas que fazem disco music suja. Mistura de synth pop com punk e italo-disco. Imagine um John Travolta junkie dançando Blondie e você tem uma definição próxima da banda.

[mp3 ] Glass Candy - Nite Nurses

RESENHA: MYSTERY JETS - 21

Eles eram um quinteto que prometia salvar o rock progressivo. O cabeça da banda era um tiozão de cinqüenta e poucos anos, papai de um dos outros integrantes, todos garotões no auge de seus 20, 21 anos. Até rendia uma boa mistura, mas no fundo a massa não tinha muita liga. Essa banda, agora um quarteto, atende pelo nome de Mystery Jets e entre suas referências estavam dinossauros prog como King Crimson e Yes.

Junto com o "mentor" dos moleques, foi embora todo tipo de referências neo-progressivas, virtuosismos, frescurinhas e picuinhas. O som em Twenty-One, o segundo disco, é completamente revigorante, enxuto, jovem. Provavelmente, se alguém me dissesse que o Mystery Jets faria um dos melhores álbuns pop que eu já ouvi, eu nunca acreditaria. Mas é isso que Twenty-One é: pop pop meeesmo, daqueles bregas, grudentos, que mistura referências de tudo que já foi modinha entre a gurizada e onde cada música poderia ser um single.

Ok, não vamos abusar na interpretação aqui achando que por isso quero dizer que o som do disco mistura influências de Backstreet Boys, Hanson, e High School Musical. É pop dos bons, como Duran Duran, ABC, The Cure, Talking Heads. E sim, as influências são completamente eighties, no entanto o contexto new english rock em que a banda está inserida faz essas referências terem uma sonoridade bem fresca. Um exemplo é Young Love, o primeiro e maravilhoso single. Indie pop, meio twee, e uma letra simples, bonitinha, grudenta. Tudo isso fica ainda melhor quando a lindíssima Laura Marling dá sua contribuição com sua voz delicada e inocente, aumentando ainda mais o clima adolescente da faixa.

Hideaway assusta com suas sirenes. O feel é new rave, meio que lembra Klaxons de fato. A música começa, e o synth pop frenético da música se espalha, com os vocais dando o suporte ansioso que o ritmo rápido das guitarras e teclado precisa. Two Doors Down, talvez a melhor de Twenty-One, é o típico hit veranístico europeu, se assim posso classificar. Backing vocals bonitinhos, teclados oitentistas, feeling nostálgico, e um refrão que vai grudar na sua cabeça antes mesmo da música acabar. Aqui também cabe um comentário de um amigo meu quanto aos metais que aparecem no final da música: "Parece coisa velha do Kid Abelha. É animal!"

A doce e calma Flakes é tão pop que poderia ser a trilha perfeita para os finais de baile Prom nos filmes da Sessão-da-Tarde. Sabe quando o nerd bobão dança com a gatinha que ele passa o filme tentando pegar e aí ela resolve ficar com ele? É na hora do beijo que entra o refrão de Flakes. O disco ainda tem MJ, um divertido pop new wave, com cara de The Cars. E já perto do fim, Behind The Bunhouse é a faixa que mais lembra o disco anterior, Making Dens.

Twenty-One surpreende pela mudança de filosofia da banda e pela ótima habilidade de composição dos integrantes, que mostram que mesmo ainda jovens são capazes de fazer música pop como nenhum outro. Uma pena que o pop de verdade não convença o grande público, e apenas os indie geeks feito eu despirocam ouvindo isso. Talvez seja só eu, mas creio que num mundo perfeito, Young Love lideraria as paradas e Twenty-One venderia 2 milhões de cópias. Ou não.

[mp3] Mystery Jets - Two Doors Down
[mp3] Mystery Jets - Young Love

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