segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SELEÇÃO CANARINHO 21-09: Secos & Molhados

“Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc” é a última música do disco de 1974 dos Secos e Molhados. Curiosamente, foi a última gravada pela formação clássica. Analisando o nome dessa música, pode-se concluir que se trata de um tratado final, uma espécie de resumo da música que João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad produziram durante dois anos e que transformou os Secos e Molhados num dos maiores fenômenos pop da nossa história. O trio fazia mistura maluca de ritmos nunca vista antes, usando de belas melodias e de letras emprestadas de poetas como Vinicius de Moraes, Fernando Pessoa e João Apolinário.


O jantar está servido

A idéia de formar os Secos & Molhados veio de João Ricardo, que começou a recrutar integrantes para a banda em 1970. Foi complicado para Ricardo definir uma formação, e apenas em novembro de 1971 que Ney de Souza Pereira, futuro Matogrosso, passou a integrar os Secos e Molhados. Em 72 então, foi a vez de Gerson Conrad ser aceito na banda.

Capa do disco de 1973.

O primeiro álbum saiu em agosto de 1973 e levou a banda ao estrelato quase instantaneamente. Apresentações no Fantástico da Rede Globo e no Teatro Itália no Rio de Janeiro ajudaram a vendagem recorde do disco, mais de 300 mil cópias em um mês - a mais rápida do mercado fonográfico brasileiro até então. Sucessos como O Vira e Mulher Barriguda caíram na boca do povo.

Os shows eram um sucesso de público, muito devido ao comportamento performático de Ney nas apresentações e o uso de maquiagem pesada na caracterização dos integrantes. Essas características da banda acabaram depois ainda fazendo escola. Ou você acha que Freddy Mercury aprendeu a rebolar no palco daquele jeito com quem? E o Kiss? Eles até afirmam terem copiado os Secos e Molhados em suas máscaras.

O segundo disco, de 1974.

No ano seguinte, o trio consegue dominar a América Latina, virando mania no México e na Argentina. O segundo disco sai em agosto, mas a formação original se dissolve logo em seguida. Mesmo com a banda agora inativa, o disco é também um grande sucesso com músicas como Tercer Mundo e Flores Astrais tocando extensivamente nas rádios.

A saída de Ney e Conrad não foi das mais tranqüilas, apesar de já esperada pelo líder João Ricardo. Reconhecidamente de gênio difícil, o líder dos Secos e Molhados até hoje não tem um bom relacionamento com os dois.
Nos anos que seguiram a separação, Ricardo ainda tentaria por diversas vezes recrutar outros músicos para gravar novos discos sob o nome de Secos & Molhados.

A mais bem sucedida experiência foi a do terceiro disco de 1978. A canção “Que fim levaram todas as flores?” é uma das mais executadas nas rádio brasileiras naquele ano.

João Ricardo em apresentação de 1999.

A partir daí, a formação do disco de 78 nunca se repetiu, e iria continuar mudando nas gravações dos dois próximos discos, um de 1980 e outro de 1988, intitulado “A Volta do Gato Preto”. Desde então, nada mais se lançou de inédito com o nome de Secos & molhados, mas João Ricardo continua em carreira solo. Seu último disco, chamado “PUTO!”, foi lançado este ano.
O legado da banda é certamente um dos mais significativos da nossa MPB. Talvez a primeira banda a fazer a perfeita união de lirismo, rock e ritmos regionais. Eles conseguiram ir um pouco além dos Mutantes, reconhecidamente mestres no casamento de MPB e psicodelia, já que incluíam nessa salada ainda poemas, música tradicionalista como tango, flamenco, forró, ritmos latinos e portugueses. Uma das lendas da música, status que se tornou ainda maior devido a breve duração do grupo.
Download do primeiro disco, o clássico de 1973: aqui

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