quarta-feira, 27 de agosto de 2008

FUZZY LOGIC

Estranho mas amigável: mais ou menos assim, pitoresco como sua aparência, que Bradford Cox conquista cada vez mais fãs. Líder e cabeça criativa da banda Deerhunter de Atlanta, Estados Unidos, Cox é um cara extremamente querido entre os "comparsas" do circuito underground norte-americano. Seu som, denso e esquisito mas ao mesmo tempo carismático (e com um certo feel pop) é de certa forma um reflexo dessa personalidade aliada a sua condição física.

Experimente ouvir Cryptogams, o sophomore album dos caras, que começa com uma erupção de efeitos sampleados, delicados - apesar de confusos - soundscapes que beiram o ambient "brian-enoesco", e ainda alguns loops oriundos de um sintetizador timidamente retrô. Tudo capitaneando essa espécie de espaçonave rumo a um "punk do futuro", que se concretiza com a entorpecente (e um tanto pós-apocaliptica) Cryptogams, faixa título. Não é música comum, pop, como a gente tá acostumado a ouvir. São sonoridades densas, confusas, originais, mas que de alguma forma conseguem envolver e cativar de um jeito amigável. Uma (como os acadêmicos adoram dizer) quebra de paradigmas, sem dúvida: é como se a lógica da aproximação fosse o estranhamento.

O Deerhunter possui cinco membros e tem apenas quatro anos de existência, apesar disso já foram lançados dois LPs (Turn It Up Faggot e Cryptogams) e um EP (Fosforecent Grey). Em outubro sairá o (já muitíssimo) esperado Microcastle, que já está rolando pela internet há um certo tempo. Se já não bastasse tanta produção musical a frente da banda, Bradford Cox também possui um projeto paralelo muito bem sucedido, o Atlas Sound, que faz um som mais calmo e atmosférico que o Deerhunter. Seu LP de estréia com a alcunha saiu no início do ano e alcançou ampla aclamação entre a crítica especializada, sendo apontado desde já como um dos favoritos a melhor disco do ano.

Cox é portador de uma doença chamada síndrome de Marfan (a mesma que possuía Joey Ramone). Sua patologia lhe deu problemas cardíacos, respiratórios, além de extremidades alongadas e altura e magreza excessivas. Pra piorar um pouco mais, Cox tem periodicamente ataques de pânico, algumas vezes sobre o palco, o que já levou muitos shows da banda a terminarem antes da hora. Muitos de seus problemas de saúde refletem nas canções da banda, apesar do toque pessoal ser mais presente em seu trabalho no Atlas Sound.

Ao vivo, Cox abusa da irreverência, procurando sempre se aproximar do público batendo um papo entre as musicas, chegando mais perto da galera, e abusando de performances bizarras vestido com roupas de mulher. Auto-rotulada como uma banda de "ambient punk", o Deerhunter abusa do uso de reverbs e sobreposição de camadas de som de guitarra, uma marca da forte influência do shoegaze no som.

O novo disco, Microcastle, explicita um grande amadurecimento em matéria de "composição" para Cox, com músicas mais tradicionalmente estruturadas e que mantém de forma marcante a identidade e o pulso experimental da banda. De acordo com o criativo compositor, em Microcastle a banda irá de Everly Brothers e doo wop a My Bloddy Valentine e Sonic Youth. Se depender das maravilhosas Twilight at Carbon Lake e Agoraphobia, provavelmente será difícil desmenti-lo.

Microcastle sai nos EUA no dia 26 de outubro. Para mais informações sobre a banda acesse o My Space (www.myspace.com/deerhunter) ou o blog de Bradford Cox (ww.deerhuntertheband.blogspot.com).

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