segunda-feira, 7 de julho de 2008

RETROSPECTIVA 2008: PRIMEIRA METADE DO ANO

A Espanha saiu da fila e levou a Eurocopa, o Parmera levantou a taça do paulistão depois de 8 anos sem títulos, os democratas indicaram o primeiro candidato negro à presidência na história dos Estados Unidos, e o caso Nardoni foi a pauta da imprensa brasileira nos últimos seis meses. Estes foram os principais fatos de 2008. Mas ok, depois dessa introdução à lá Sérgio Chapeleta, vamos ao que interessa, afinal, esta espelunca aqui é um blog sobre música. Selecionei os dez discos mais interessantes destes últimos seis meses, os primeiros do presente ano, e que julgo serem obrigatórios na discoteca de qualquer um. Vamos a eles:

10) Saturdays = Youth, M83

O DJ e produtor francês Anthony González mudou mais uma vez sua direção musical (do post-rock tecladento, abrasivo e com aspecto wall of sound de Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts e do shoegaze de Before Dawn Heals Us), agora mergulhando nos anos 80, nos deleitando com a trilha sonora perfeita para os filmes românticos adolescentes sessão da tarde da época. Um disco nostálgico e essencialmente pop de alguém que nunca cansa de experimentar.

9) Waited Up Til' It Was Light, Johnny Foreigner

Trio mega-barulhento de Birmingham conseguiu cumprir à altura as expectativas que foram criadas depois do seu mega-hypeado EP de estréia. Com este primeiro disco, conseguem duma maneira similar ao Los Campesinos! criar canções pop a partir de riffs rápidos e grudentos de guitarra e (muitos) gritos infantis. Um álbum bastante catártico e talvez o mais divertido do ano.

8) Twenty-One, Mystery Jets

O quarteto inglês colocou o prog rock na gaveta, reinventaram o visual e arranjou um namorico com a New Wave neste último cd. São doze músicas pop bastante diretas, bacanas, e com um 80s feel antenado com o indie rock mais moderninho pós-Strokes. O diferencial aqui é que, apesar da banda se utilizar duma fórmula já um tanto passada no gênero (confesso que já estou ficando um pouco cansado de new wave revivalists e de indies-moderninho-blasés-strokes-wannabes), eles o fazem com uma boa dosagem de elementos recriando uma atmosfera muito legal que soa fresca e original.

7) Dig, Lazarus, Dig!!, Nick Cave & The Bad Seeds

O cinquentão Nick Cave dispensa apresentações, e em seu 14º álbum um dos maiores gênios do rock dá conta do recado mais uma vez com um disco cheio de riffs certeiros, de experimentalismos (como as explorações de Viola e Violino do multi-instrumentista Warren Ellis) e das já conhecidas letras literárias de Nick Cave. O álbum também representa uma boa incorporação dos elementos de rock garageiro sujo do projeto paralelo Grinderman ao trabalho com os Bad Seeds.

6) No Way Down EP, Air France

Apesar de ser apenas um EP de seis músicas e pouco mais de 21 minutos, No Way Down é o mais luxuoso e sublime dos discos de 2008. A banda sueca mescla ritmos de balearic pop (um tipo de pop eletrônico nascido em Ibiza nos anos 80) com atmosferas sonhadoras, clima ensolarado, hooks mais pop e samples que remetem ao sempre muito influente Since I Left You do The Avalanches. Estranho pensar que um disco que condense todo o clima bom do verão em menos de meia hora de música venha de um país onde a temperatura média não passa dos 10 graus.

5) The Midnight Organ Fight, Frightened Rabbit

Esse excelente disco já recebeu até uma resenha mais elaborada aqui no blog anterioramente e não é por acaso, afinal temos aqui um dos mais sinceros e diretos discos de pop dos últimos anos. Scott Hutchinson canta com seu carregado sotaque escocês sem medo de fazer um bobo de si mesmo ou de expor seus sentimentos mais íntimos e suas questões mais estranhas e pouco lúcidas. Tudo guiado por soundscapes densos, riffs elaborados e uma atmosfera quase épica.

4) Antidotes, Foals

A banda britânica Foals é um dos maiores exemplos do tipo "love it or hate it" dos últimos tempos. Uma boa parte da imprensa britânica criaram um puta hype em cima do quinteto antes (e depois) do lançamento de Antidotes, enquanto outra parte malhou o pau legal no som dos caras. A questão é simples de entender, já que o rock que eles fazem não é dos mais deglutíveis. Partindo de influências cravadas no gênero do math rock (onde a repetição de notas e batidas descontínuas são características essenciais) o grupo criou um ótimo disco pop, na minha opinião, mas que pra muitos soou descaracterizado, cansativo e um tanto plagiado do Bloc Party, por exemplo. Talvez a esses críticos faltou a sensibilidade em perceber o quão bem elaboradas são as 11 músicas deste álbum, que utiliza de princípios musicais inovadores influenciados por fontes tão distantes quanto Philip Glass (não querendo equiparar a genialidade deste para com o bom trabalho composicional da banda).

3) In Ghost Colours, Cut Copy

No disco mais feel good de 2008 o trio australiano Cut Copy soube fazer valer de suas origens na pista de dança pra criar um híbrido perfeito de house e rock. In Ghost Colours tem desde a perfeita musica pra relaxar na sombra em um dia ensolarado até aquele porradão capaz de por uma casa noturna a baixo com suas batidas pulsantes e nostálgicas. Sobra até para a banda arriscar em jams mais rock'n roll do tipo que é pra ser tocado em grandes shows.

2) Nouns, No Age

De uma forma bastante crua e original, a dupla californiana No Age abusa de suas influências no rock de garagem, em noise e shoegaze para criar Nouns, um disco rápido, rasteiro, e muito barulhento, do tipo que é capaz de estourar os miolos sem perdão. O álbum inteiro preserva uma unidade, com os amalgamáticos riffs em reverb loopando ao fundo de cada música servindo como um fio condutor para as doze canções se encaixarem, e, como numa espécie de Phychocandy meets Daydream Nation, os pegajosos e criativos lead riffs de Randy Randall casam perfeitamente com as batidas simplistas de Dean Spunt para criar uma das mais preciosas jóias do noise pop da história.

1) Third, Portishead

Foram 11 anos de obscuridade e reclusão para o trio de Bristol, e, quando parecia que a banda nunca mais renasceria das trevas, eis que o Portishead volta trazendo a escuridão junto. Como uma espécie de Kid A Vol. II, o clima sombrio e intimista impera ao longo de Third, com uma Beth Gibbons insegura e melancólica fazendo uma perfeita versão feminina de Thom Yorke. Os ritmos, mais minimalistas que os trabalhos anteriores da banda, são, no entanto, meticulosamente preparados, e cada batida parece ter sido repetidamente testada e trocada, de forma a garantir ao álbum uma coesão única. A espera parece ter rendido bons frutos tanto a banda quanto aos fãs que, apesar de não mais contarem com trip-hop "mesa de café" típico dos dois primeiros discos, tem em Third o mais completo e denso dos trabalhos do trio, além de um dos melhores e mais enigmáticos álbuns do novo milênio.

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Ao procurar no RCD o cd do Portishead, o que acho?
"marcelo
não tem mais o que vazar. o cd foi lançado... é só procurar um cd rip por torrent =P mais tarde vejo se faço o upload aqui"


Eu queeeeeeeero D:

7 de julho de 2008 às 13:42  
Anonymous Anônimo disse...

*Achei!
http://www.4shared.com/file/41499972/36d024b2/portishead_third.html?s=1

7 de julho de 2008 às 13:45  
Anonymous Anônimo disse...

http://tinyurl.com/5jwzwo
(mejor)

7 de julho de 2008 às 13:47  
Blogger Lu disse...

O primeiro parágrafo descreveu muuuuito bem nosso primeiro semestre, só esquecesse de comentar o tédio e a falta de coisas pra fazer dos pré-calouros! hahaha

Beeeeijo, gats!

9 de julho de 2008 às 19:09  
Anonymous Anônimo disse...

01. wolf parade – at mount zoomer
02. guillemots – red
03. mgmt – oracular spetacular
04. weezer – red album
05. hold steady – stay positive

10 de julho de 2008 às 06:44  

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