quinta-feira, 5 de junho de 2008

THE COOLEST RECORDS OF THE 90s - NUMBER 7

Em uma hora de vadiagem no trabalho, resolvo vir cuspir palavras numa ferramenta de postagem HTML. Palavras estas que procuram, sabe-se lá como, incutir opiniões e sensações acerca de música, uma coisa tão pessoal quanto uma escova de dentes. Minha lista das 30 melhores músicas de 2007? Whatever, acho que não estava dando muito certo.

A outra, tudo bem, vai continuar agora, por que é um disco muito bom, que me fez gostar de um gênero que até então era um tanto hostil pra mim e que, de certa forma, me despertava preconceito. É a sétima posição no meu Top 10 dos melhores discos da década de 90. Você ainda se lembra da década de 90? Eu nunca gostei muito, e, bolas, dos discos dessa lista aqui acho que só tem um que eu ouvi na época. Criança estúpida e alienada. Fazer o quê? Não nasci num berço abraçado numa guitarra, muito menos tinha uma coleção de discos de vinis em casa pronta para ser desbravada pela minha curiosidade infantil. Minha maior influência era a MTV, que, convenhamos, não é boa influência pra ninguém. Por outro lado, é engraçado lembrar de quanto você achava as Spice Girls o máximo, e que a música mais bem elaborada que você ouvia era o Guns N'Roses.

Triste mundo cruel pré-internet. Ou não. A ignorância é uma benção, até em matéria de música. São tantas coisas boas que fica impossível assimilar tudo. Provavelmente estaria em maus lençóis se fosse músico, não conseguiria limitar focos para minhas canções e faria uma salada bizarra que tanto podia ser vista como genial como puro lixo sonoro. No entanto, acho que a banda de hoje faz um som que muito me agrada no sentido de fazer rock. Se fizesse rock, gostaria de fazer como eles. Essa banda é a maior de todas as bandas "faça-você-mesmo" que já existiu. O indie no sentindo mais indie da coisa. Os deuses maiores da nação que levanta a bandeira do underground. São os estadunidenses do Fugazi.

7. Red Medicine by Fugazi

O Fugazi é uma banda única. Formada em 1988, ela nasceu das cinzas de duas bandas seminais e tremendamente influentes na cena do hardcore na costa leste dos EUA, mais precisamente Washington D.C.: o Minor Threat e o Rites of Spring. Eles eram punks, faziam música pesada, rápida, com a distorção lá em cima e com vocais gritados, furiosos. Mas, ao contrário de qualquer estereótipo, eles não eram punks sujos, vagabundos, anarquistas e junkies. A banda praticamente "lançou" um movimento dentro do punk chamado Straight Edge (esse, aliás, é o nome de uma música do Minor Threat) que se tratava de um grupo ativista, que defendia causas sociais, se interessava em fazer música pela música e não usava qualquer tipo de droga, inclusive o álcool. Alguns, mais radicais, até mesmo defendiam a bandeira do vegetarianismo. Sua fama se construiu pelo boca-a-boca e por mídias independentes. Eles preferiam dar entrevistas gigantes pra qualquer fanzine furreca a falar uma palavra ou duas com a Rolling Stone. Sempre lançaram seus cds pelo próprio selo (hoje lendário) Dischord, limitavam seu preço a 5 dólares e nunca cobravam mais de 10 conto pelos seus shows.

Musicalmente, a banda criou um gênero chamado de post-hardcore, denominação que surgiu devido a forte semelhança com o hardcore tradicional, mas que guaradava forte influência do emocore (antes do termo virar o adjetivo pejorativo que é hoje), do garage rock e do noise rock. A importância rítmica nas canções era muito maior que a melodia, e as guitarras sempre muito distorcidas ganhavam o aspecto de um baixo dando ainda mais sustentação ao ritmo. Não é à toa que muitos grupos de math-rock se dizem influenciados pelo Fugazi, já que os ritmos descontinuados de bateria do gênero estavam presentes em muitas das músicas da banda.

Agora vamos ao disco. Lançado em 1995, marca o pico dos caras em sua veia mais experimental. O clima do disco é até meio claustrofóbico, e a sequência das músicas entre hinos de hardcore e psicodelias esticadas pelas guitarras fazem oscilar as freqüências sonoras que o disco passa entre o ódio e a calma. O quarteto arriscou em coletar elementos de outros gêneros como drone, downtempo e dub pra fazer um disco completamente diferente da trilha que tinham estabelecido como reis da música independente com os punks straight-forward de Repeater e Steady Diet Of Nothing. Quando escutamos o disco de cabo a rabo, do hino apoteótico e veloz de Do You Like Me aos drones e estranhezas de Long Distant Runner, percebe-se uma evolução em maturidade que marca o disco. Mas, para caras tão importantes para os jovens idealistas da época como eles eram, essa maturidade não foi uma coisa ruim. Afinal, o sentimento que fica é que o Fugazi amadureceu sem envelhecer um dia sequer.

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