quarta-feira, 14 de maio de 2008

THE COOLEST RECORDS OF THE 90s - NUMBER 8

Prometo não chorar mais feito um emo nos posts que deixarei por aqui de agora em diante. Anda pegando meio mal (ui) toda essa dramalhonice e o que interessa mesmo são as porcarias (ou não) que escrevo sobre música nesta pocilga. A lista dos discos favoritos deste reles músico frustrado/indie chato/proto jornalista de araque/farsante difamador caluniador/dançarino de funk continua num ritmo eu diria frenético até. Três dias e três discos, e hoje, depois do pop feel good do Blur, trago pra vocês something completely differentay...

8. F#A# by Godspeed You Black Emperor!

A começar pelo nome estranho (lê-se Fá sustenido, Lá sustenido, infinito), o álbum de estréia do coletivo de pós-rock canadense Godspeed You Black Emperor! é um dos trabalhos mais profundos e enigmáticos que você irá ouvir na sua vida. Existencialista, negro e instrumental, é um disco provocante e imaginativo.

Ouvir este álbum é uma experiência única e inigualável por si só. Você não precisa entender de música, compreender o que é genialidade ou não, apenas deixar os sons que saem das suas caixas de som ou fones de ouvido lhe envolverem e te provocarem sensações inexplicáveis e diversas.

Não se surpreenda se medo for a primeira coisa que sentir. ESTA é a trilha sonora do apocalipse. É o som da desolação, da calmaria após a tempestade, do deserto, do nada, do silêncio. As guitarras, percussão, a seção de cordas, trabalha em orquestramentos que vão gradualmente nascendo, criando toda a atmosfera de um disco que funciona como uma ode a tranquilidade que este mundo se tornaria quando a humanidade perecesse. Não quero soar como ativista chato ou como o mais profundo pessimista, e sim afirmar o óbvio que é a irresponsabilidade e loucura intrínseca do ser humano de hoje, inconseqüente e apressado, que pode ver essa ansiedade em buscar seus objetivos terrenos se transformar no fim de tudo antes do esperado. O mundo é estranho e prega muitas peças, e F#A#∞ é um presságio do medo do ser humano em levar uma rasteira do planeta.

De alguma forma, é estranho falar disso quando costumo ouvir esse disco para relaxar hoje. Talvez seja por tamanho que tenha sido meu espanto quando primeiro coloquei meus ouvidos em contato com o obscuro e pesado som do álbum, minha insistência em desafiar aquilo e entender do que se tratavam as sensações e impressões que aquelas melodias me passavam. Isso fez com que hoje, F#A#∞ soe para mim como um transe, um refúgio a tudo o que me atinja de maneira ruim ou difícil. É como se eu colocasse meus fones de ouvido, e o disco me fizesse espairecer e ignorar o mundo que está a ruir imediatamente próximo a mim. A música, talvez mais que qualquer arte, evoca sonhos e o imaginário individuais. Não há uma "pré-concepção" criada por fotos, pinturas, imagens, representações. A imagem para o som que ouve é você quem cria.

A seguir, um vídeo feito por fãs para o primeiro movimento do disco, The Dead Flag Blues Intro:

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