sexta-feira, 6 de junho de 2008

ARCADISMO

FLEET FOXES by Fleet Foxes

A nova banda "modinha" entre os pseudo-hipsters quero ser antenado e parecer cool vem de (adivinha) Seattle! São os (pra lá de hipsters - e barbudinhos) Fleet Foxes. Desde o início deste ano, o quinteto já tem recebido uma atenção crescente da imprensa musicálica com o lançamento do EP Sun Giant, que contém cinco músicas de um pop bastante charmoso e, diria-se até, abrasivo, com harmonias envolventes, guitarras com reverb e estruturas bastante melódicas.

Justamente hoje, dia 5 de junho, a banda lançou seu primeiro álbum pelo selo Sub Pop. O nome, ao contrário do que estava sendo dito pela imprensa e pela própria banda: Ragged Wood, é simplesmente Fleet Foxes. A começar pela capa, é díficil não pensar em campo, verde, sol e tranquilidade quando se pensa no disco. São onze musiquetas muito bem encaixadinhas, de um minucioso pop bucólico, composto não apenas de uma influência específica, mas de um apanhado tão grande de estilos e épocas que mais parece ser uma antologia do folk, country e sunny pop norte-americano.

Ryan Pecknold, vocalista e guitarrista, é talvez o principal diferencial da banda. Sua voz, que tem um timbre semelhante ao de Jim James (do My Morning Jacket), é mergulhada em emoção e legitimidade faixa a faixa, e por muitas vezes ganha tanta importância no contexto da música que carrega a melodia por si só (algo como Brian Wilson em seus momentos mais célebres no Beach Boys). Esta voz profunda e marcante imprime alma a Oliver James, o encerramento do disco, onde seus suaves e impactantes coros ao final da canção dão um sublime final ao passeio ensolarado que é o álbum.

Mas não, não me aterei apenas a essa música final. Assim como sua despedida, a entrada de Fleet Foxes é também apenas vocal, mas dessa vez toda a banda participa, num momento um tanto Pet Sounds na Renascença. Isso abre caminho para Sun It Rises, um epopéico cartão de visitas para quem ouve o álbum pela primeira vez. Harmonias vocais se alternam com ternas melodias, carregadas por um órgão pueril, e que ganham força pouco a pouco, nos dedilhados do guitarrista Skjelset, e na percussão quase índigena de Wescott. Em seguida vem um brilhante hino, White Winter Hymnal, onde os ritmos que se constróem das harmonias vocais aos solos de guitarra criam algo meio country-encontra-folk apache e onde, mais uma vez, a percussão cria uma estrutura marcante pra toda essa elaboração melódica. Ragged Wood tem cara de country-rock Johnny Cash, mas logo se divide e mergulha num AM pop meio setentista, que lembra os bons momentos da The Band e de Neil Young. Heard Them Stiring é instrumental, onde as vozes só funcionam como mais um instrumento em toda a harmonia, mas seus acordes bucólicos e bem encaixados dão uma sensação tão boa e tranquilizante que os gritinhos de "aaahhhh" nunca despertam ansiedade por um "começo" teórico da canção com versos, refrão e toda a estrutura tradicional.

Bom, acho que isso é o suficiente pra despertar a curiosidade de quem lê em baixar e ouvir o disco. Não se importe com a credibilidade ou não deste que vos fala e de quaisquer ceticismo que tenha sobre as opiniões que tenho, o Fleet Foxes definitivamente é uma banda única e maravilhosa. Se você gosta de country-rock, pop psicodélico, pop californiano anos 60, rock de AM, Beach Boys, The Zombies, Johnny Cash, The Band, Fleetwood Mac, The Shins, My Morning Jacket, The Decemberists, Will Oldham, Okkervil River, Wilco... enfim, gosta de música boa, tenho certeza que, assim como eu, vais te apaixonar por esta banda. Sendo pseudo-hipster ou não.

www.mypsace.com/fleetfoxes


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