sábado, 26 de janeiro de 2008

NOWHERE



A sugestão de hoje do Ziriguidum é um disco de shoegaze. O que é o shoegaze? O shoegaze (uma referência ao fato dos integrantes dessas bandas sempre tocarem olhando para os pés) é um rock denso e enigmático e que também não agrada fácil. Ou você gosta e consegue assimilar melodias em meio a tanto feedback e distorção ou você odeia e acha tudo apenas um monte de barulheira sem sentido. Apesar de influente, e até um tanto bem-sucedido, o gênero teve vida curta (pode-se dizer que começou com o clássico Psychocandy do Jesus & Mary Chain em 85 e acabou com Storm In Heaven do The Verve em 93) e por isso, os fãs que ainda restam tem que viver do passado ou escutar algumas das “neo-shoegazing” bandas que se alimentam dos reverbs e efeitos de estúdio imortalizados por Kevin Shields (My Bloody Valentine), como é o caso do Asobi Seksu, A Sunny Day In Glasgow e Blonde Redhead, para citar apenas algumas das mais importantes.

Quando qualquer bem entendido em história da música pop pensa no shoegaze, a primeira coisa que vem a cabeça é Loveless, disco do My Bloody Valentine lançado em 91; o caos melódico de Kevin Shields ainda atormenta muito ouvinte despreparado e conquista até o mais cético em relação a eficiência da distorção e dos efeitos de guitarra no lado melódico do rock. Mas na verdade, um ano antes, um quarteto de Oxford, gravou um clássico esquecido do gênero: Nowhere foi o primeiro disco do Ride, banda formada por Andy Bell (hoje baixista do Oasis) que usou de suas influências no próprio My Bloody Valentine, para criar uma coleção de músicas quase criogênicas: capazes de se manterem vivas e cativantes envolvidas em toda uma rede de guitarras em feedback, cheias de distorção e explosão. O barulho e poder estridente de um bom ritmo na bateria com a melodia quase antêmica de Seagull abrem o disco alertando o ouvinte para o que virá a seguir: uma insistente sustentação distorcida que vai segurar as melodias em todas as faixas. Melodias etéreas são postas contra a parede pelo fundo rasgado conseguem soar doces como em Dreams Burn Down e Vapour Trail. O Ride também ataca e Decay é como o Sonic Youth em seu tempos de mais raiva e peso.

Nowhere é um clássico que a revista Pitchfork incluiu na lista dos melhores álbuns dos anos 90 e que a NME recentemente elegeu 39 melhor disco britânico de todos os tempos. Vale a pena conferir; fica a dica.

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